sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Oswald de Andrade

Oswáld, ou Oswaldo, nunca Ôswald! Brasileiro, defensor da poesia Pau-Brasil, poesia brasileira de exportação para o resto do mundo. Brasil como produtor e exportador de arte, não o contrário. Em sua Antropofagia, afirmava que o artista brasileiro deveria comer, ingerir todas as formas de arte para, depois de digeri-las, criar sua própria arte! Que assim seja!!!!

"José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro.
Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo.
Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme "Tabu" (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme "O Homem do Pau-Brasil" (1982), Antônio Fagundes no filme "Eternamente Pagu" (1987) e José Rubens Chachá nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006). As idéias de Oswald de Andrade influenciaram tambem diversas áreas da criação artistica: na música o tropicalismo na poesia o movimento dos concretistas e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica tem sua trajetória ligada ao poeta. " (fonte - wikipédia)

Poemas de Oswald, abaixo, nos comentários!

31 comentários:

Patrícia disse...

Erro de Português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Oswald de Andrade

Renata disse...

Balada do Esplanada


Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.


Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel


Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel


Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel


Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador

Oswald de Andrade

Renata disse...

Vício na fala


Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

Oswald de Andrade

Renata disse...

Oferta


Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor

Oswald de Andrade

Renata disse...

Canto de regresso à pátria




Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Oswald de Andrade

(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)

Isis Priscila disse...
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Isis Priscila disse...

A descoberta


Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.

Oswald de Andrade

Isis Priscila disse...

O gramático


Os negros discutiam
Que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Sipantarrou.

Oswald de Andrade

Unknown disse...

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Unknown disse...
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Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

O capoeira

— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.

Unknown disse...

Metalúrgica



1300° à sombra dos telheiros retos

12000 cavalos invisíveis pensando

40 000 toneladas de níquel amarelo

Para sair do nível das águas esponjosas

E uma estrada de ferro nascendo do solo

Os fornos entroncados

Dão o gusa e a escória

A refinação planta barras

E lá embaixo os operários

Forjam as primeiras lascas de aço

Unknown disse...

Cidade



Foguetes pipocam o céu quando em quando

Há uma moça magra que entrou no cinema

Vestida pela última fita

Conversas no jardim onde crescem bancos

Sapos

Olha

A iluminação é de hulha branca

Mamães estão chamando

A orquestra rabecoa na mata

Unknown disse...

Bonde



O transatlântico mesclado

Dlendlena e esguicha luz

Postretutas e famias sacolejam

Unknown disse...

Fotógrafo Ambulante



Fixador de corações

Debaixo de blusas

Álbum de dedicatórias

Marquereau



Tua objetiva pisca-pisca

Namora

Os sorrisos contidos

És a glória



Oferenda de poesias às dúzias

Tripeça dos logradouros públicos

Bicho debaixo da árvore

Canhão silencioso do sol

Unknown disse...

biblioteca nacional



A Criança Abandonada

O Doutor Coppelius

Vamos Com Ele

Senhorita Primavera

Código Civil Brasileiro

A arte de ganhar no bicho

O Orador Popular

O Pólo em Chamas

Unknown disse...

meus oito anos



Oh que saudades que eu tenho

Da aurora de minha vida

Das horas

De minha infância

Que os anos não trazem mais

Naquele quintal de terra

Da Rua de Santo Antônio

Debaixo da bananeira

Sem nenhum laranjais



Eu tinha doces visões

Da cocaína da infância

Nos banhos de astro-rei

Do quintal de minha ânsia

A cidade progredia

Em roda de minha casa

Que os anos não trazem mais



Debaixo da bananeira

Sem nenhum laranjais

Unknown disse...

Barricada



Todos os passarinhos da Praça da República

Voaram

Todas as estudantes

Morreram de susto

Nos uniformes de azul e branco

As telefonistas tiveram uma síncope de fios

Só as árvores não desertam

Quando a noite luz

Unknown disse...

Alerta



Lá vem o lança-chamas

Pega a garrafa de gasolina

Atira

Eles querem matar todo amor

Corromper o pólo

Estancar a sede que eu tenho doutro ser

Vem do flanco, de lado

Por cima, por trás

Atira

Atira

Resiste

Defende

De pé

De pé

De pé

O futuro será de toda a humanidade

Unknown disse...

Relógio



As coisas são

As coisas vêm

As coisas vão

As coisas

Unknown disse...

O Hierofante



Não há possibilidade de viver

Com essa gente

Nem com nenhuma gente

A desconfiança te cercará como um escudo

Pinta o escaravelho

De vermelho

E tinge os rumos da madrugada

Virão de longe as multidões suspirosas

Escutar o bezerro plangente

Unknown disse...

Longo da Linha



Coqueiros

Aos dois

Aos três

Aos grupos

Altos

Baixos

Unknown disse...

Jogo do Bicho



Mário de Andrade 500 réis

Alcântara

Prudente

Manuel Bandeira

Ribeiro Couto

Sérgio Hollanda

Couto de Barros

Unknown disse...

RELICÁRIO

No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí

Unknown disse...

3 DE MAIO

Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi

Unknown disse...

DITIRAMBO

Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade

Unknown disse...

ESCAPULÁRIO

No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia

Unknown disse...

AMOR

Humor

Unknown disse...

SENHOR FEUDAL

Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia

Unknown disse...

OCASO

No anfiteatro de montanhas
Os profetas do Aleijadinho
Monumentalizam a paisagem
As cúpulas brancas dos Passos
E os cocares revirados das palmeiras
São degraus da arte de meu país
Onde ninguém mais subiu

Bíblia de pedra-sabão
Banhada no ouro das minas