Oswáld, ou Oswaldo, nunca Ôswald! Brasileiro, defensor da poesia Pau-Brasil, poesia brasileira de exportação para o resto do mundo. Brasil como produtor e exportador de arte, não o contrário. Em sua Antropofagia, afirmava que o artista brasileiro deveria comer, ingerir todas as formas de arte para, depois de digeri-las, criar sua própria arte! Que assim seja!!!!
"José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 — São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro.
Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo.
Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme "Tabu" (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme "O Homem do Pau-Brasil" (1982), Antônio Fagundes no filme "Eternamente Pagu" (1987) e José Rubens Chachá nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006). As idéias de Oswald de Andrade influenciaram tambem diversas áreas da criação artistica: na música o tropicalismo na poesia o movimento dos concretistas e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica tem sua trajetória ligada ao poeta. " (fonte - wikipédia)
Poemas de Oswald, abaixo, nos comentários!
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31 comentários:
Erro de Português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade
Balada do Esplanada
Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.
Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel
Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel
Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel
Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
Oswald de Andrade
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Oswald de Andrade
Oferta
Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor
Oswald de Andrade
Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
Oswald de Andrade
(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
Oswald de Andrade
O gramático
Os negros discutiam
Que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Sipantarrou.
Oswald de Andrade
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
O capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
Metalúrgica
1300° à sombra dos telheiros retos
12000 cavalos invisíveis pensando
40 000 toneladas de níquel amarelo
Para sair do nível das águas esponjosas
E uma estrada de ferro nascendo do solo
Os fornos entroncados
Dão o gusa e a escória
A refinação planta barras
E lá embaixo os operários
Forjam as primeiras lascas de aço
Cidade
Foguetes pipocam o céu quando em quando
Há uma moça magra que entrou no cinema
Vestida pela última fita
Conversas no jardim onde crescem bancos
Sapos
Olha
A iluminação é de hulha branca
Mamães estão chamando
A orquestra rabecoa na mata
Bonde
O transatlântico mesclado
Dlendlena e esguicha luz
Postretutas e famias sacolejam
Fotógrafo Ambulante
Fixador de corações
Debaixo de blusas
Álbum de dedicatórias
Marquereau
Tua objetiva pisca-pisca
Namora
Os sorrisos contidos
És a glória
Oferenda de poesias às dúzias
Tripeça dos logradouros públicos
Bicho debaixo da árvore
Canhão silencioso do sol
biblioteca nacional
A Criança Abandonada
O Doutor Coppelius
Vamos Com Ele
Senhorita Primavera
Código Civil Brasileiro
A arte de ganhar no bicho
O Orador Popular
O Pólo em Chamas
meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
Eu tinha doces visões
Da cocaína da infância
Nos banhos de astro-rei
Do quintal de minha ânsia
A cidade progredia
Em roda de minha casa
Que os anos não trazem mais
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
Barricada
Todos os passarinhos da Praça da República
Voaram
Todas as estudantes
Morreram de susto
Nos uniformes de azul e branco
As telefonistas tiveram uma síncope de fios
Só as árvores não desertam
Quando a noite luz
Alerta
Lá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira
Eles querem matar todo amor
Corromper o pólo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser
Vem do flanco, de lado
Por cima, por trás
Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade
Relógio
As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
O Hierofante
Não há possibilidade de viver
Com essa gente
Nem com nenhuma gente
A desconfiança te cercará como um escudo
Pinta o escaravelho
De vermelho
E tinge os rumos da madrugada
Virão de longe as multidões suspirosas
Escutar o bezerro plangente
Longo da Linha
Coqueiros
Aos dois
Aos três
Aos grupos
Altos
Baixos
Jogo do Bicho
Mário de Andrade 500 réis
Alcântara
Prudente
Manuel Bandeira
Ribeiro Couto
Sérgio Hollanda
Couto de Barros
RELICÁRIO
No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí
3 DE MAIO
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi
DITIRAMBO
Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade
ESCAPULÁRIO
No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia
AMOR
Humor
SENHOR FEUDAL
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia
OCASO
No anfiteatro de montanhas
Os profetas do Aleijadinho
Monumentalizam a paisagem
As cúpulas brancas dos Passos
E os cocares revirados das palmeiras
São degraus da arte de meu país
Onde ninguém mais subiu
Bíblia de pedra-sabão
Banhada no ouro das minas
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